sábado, maio 27, 2006

007 Defeitos especiais


Aos pessimistas não lhes faltam razões para estarem «contentes», embora aí resida o perigo do vírus optimista. Quando as coisas correm mesmo mal, o pessimista tem a tentação de pensar que, afinal, tinha razão e ficar contente com isso. Pois bem, alerta!

Mas, dizia, os pessimistas encontram sempre razões para seguirem a sua «missão» de esclarecer os mais recalcitrantes optimistas que andam por aí. Pois bem, agora os infortúnios chegaram a esse ícone dos optimismos, o famosíssimo «007», nas suas mais variadas versões. Está em preparação mais uma sequela. Ora, houve um acidente nas filmagens da próxima fita, que causou dois feridos. Até aí nada de especial, bem quer dizer, podia ser pior. Mas note o caro leitor: segundo o «Diário Digital» um dos trabalhadores feridos «caiu de cabeça e partiu uma perna»! Eu não digo? Azar? Ora vejam a notícia:


Gravações de «007 Casino Royale» terminam com dois feridos

Duas pessoas ficaram feridas na quinta-feira durante as gravações do filme «007 Casino Royale». O acidente deu-se quando uma torre de madeira em que se encontravam caiu, devido a ventos fortes.

De acordo com a imprensa britânica, os dois funcionários de produção caíram de uma altura de cerca de dez metros. Um deles caiu de cabeça e partiu uma perna. O outro sofreu múltiplas contusões, sobretudo na parte direita do corpo.

O departamento de Saúde e Segurança britânico decidiu dar início a uma investigação independente.

Os produtores de «007 Casino Royale», que vai ser protagonizado por Daniel Craig, chegaram o mês passado a Inglaterra, após filmarem em Praga e nas Bahamas.

«Diário Digital», 26-05-2006 10:27:55


Enfim, um filme de Defeitos Especiais!...

terça-feira, maio 23, 2006

Go on...


Com as Boas-revindas ao Grande Compagnon de Route, dedico-lhe este delicioso cartoon...

Este cartoon serve também para anunciar um novo capítulo das minhas péssimas especulações: as aporias dos pessimistas.

Elas esbarram com as mesmas dos optimistas.

Parece que o barco é o mesmo!

Bem, isso é péssimo, digo, óptimo, para um pessimista, sobretudo se o barco se chamar «Titanic»!

Se o barco vai ao fundo, o pessimista tinha razão, o que é péssimo para o pessimista, pois ter razão é um vírus optimista. O optimista fulmina o pessimista quando lhe dá razão. Lá no fundo, no fundo... alguém tem razão.

E por falar em «finais felizes»...

domingo, maio 21, 2006

ANTÓNIO, poeta NOBRE: mais vale Só que Nem Por Isso


Fala ao Coração


Meu Coração, não batas, pára!
Meu coração, vai-te deitar!
A nossa dor, bem sei, é amara,
A nossa dor, bem sei, é amara...
Meu coração, vamos sonhar...
Ao mundo vim, mas enganado.
Sinto-me farto de viver:
Vi o que elle era, estou massado,
Vi o que elle era, estou massado...
Não batas mais! vamos morrer...
Bati à porta da Ventura
Ninguém ma abriu, bati em vão:
Vamos a ver se a sepultura,
Vamos a ver se a sepultura
Nos faz o mesmo, coração!
Adeus, Planeta! adeus, ó Lama!
Que a ambos nós vais digerir...
Meu coração, a Velha chama,
Meu coração, a Velha chama...
Basta, por Deus! vamos dormir...

António Nobre
Coimbra, 1888.

quinta-feira, maio 18, 2006

Ad multos annos!


Olhem-me só esta foto e estes dizeres!

Neste pós-moderno reino do «marketing» os optimistas fazem de tudo para fazer crer que este é o melhor dos mundos.

Bom, para ser sincero, eu também acho que este é o melhor dos mundos. Imaginem como serão os outros...

Mas, dizia eu, fazem de tudo. Escrevem palavras bonitas, mostram imagens cativantes, esboçam sorrisos contagiantes, cantam como sereias... E caem como tordos.

Ficam mais velhos e festejam. E devem ter razão, pois certamente o dia de hoje é melhor que o de amanhã. Os optimistas nem se dão conta de que estão a dar-nos razão. E nós que não lha pedimos...

Só os pessimistas deveriam celebrar o aniversário, pois têm péssimas razões para o fazer...

Esta é uma péssima homenagem a um pessimista que hoje celebra N anos e um dia. Ele que me perdoe a exposição desta foto, tirada quando era mais novo e numa fase optimista. Creio que já se curou.

Parabéns! Ad multos annos!

terça-feira, maio 16, 2006

Um Pancrácio Para a Eternidade


No seu discurso à Nação, o General Foncas desaprova asperamente os pancrácios... Ora bem, não sei se o General Foncas se rege pelo estranho vírus optimista de pensar que é possível alguém «recuperar» ou deixar de ser o que já é. Ou coisa assim. Eu sou mais pessimista. Prefiro não advertir. O que tiver que ser há-de ser e da pior maneira possível...

Pois bem, venho trazer uma péssima consolação aos pancrácios... Descobri que, pelos vistos, não é mau de todo ser pancrácio, sobretudo se o for com maiúscula... Mesmo arriscando perder a cabeça. Literalmente. Há dias, a 12 de Maio, celebrou-se nalguns sítios da orbe católica a memória de São... Pancrácio! Um mártir. Os pessimistas só celebram mártires, como sabem.

Ora pro nobis...

PS.: A foto deste «post» foi tirada antes do «desfecho».

sexta-feira, maio 12, 2006

Pegadas na areia...



Pois é, o Pessimista esteve fora... (Os pessimistas estão sempre fora...) Desta vez, foi ao deserto e invejou esses seres magníficos a que uns inconscientes chamam camelos. Um pessimista no deserto nem a camelo chega!

Mas há mais. O Pessimista esteve de retiro. Sim, um «retiro espiritual», assim «tipo religioso» . Uma espécie de Quaresma fora de tempo. Descobriu a Bíblia. E nela um precioso «Manual do Pessimista», da mão do Grão-Mestre Qohélet. Vale a pena partilhar algumas dessas palavras de sabedoria, meditadas longamente... Ora oiçam, linha a linha e contenham a respiração:

«Ilusão das ilusões - disse Qohélet - ilusão das ilusões: tudo é ilusão.
Que proveito pode tirar o homem de todo o esforço que faz debaixo do Sol?

Uma geração passa, outra vem; e a terra permanece sempre.
O Sol nasce e o Sol põe-se e visa o ponto donde volta a despontar.

O vento vai em direcção ao sul, depois ruma ao norte;
e gira, torna a girar e passa,
e recomeça as suas idas e vindas.

Todos os rios correm para o mar, e o mar não se enche.
Para onde sempre correram, continuam os rios a correr.

Todas as palavras estão gastas, o homem não consegue já dizê-las.

A vista não se sacia com o que vê, nem o ouvido se contenta com o que ouve.
Aquilo que foi é aquilo que será; aquilo que foi feito, há-de voltar a fazer-se: e nada há de novo debaixo do Sol!»

(Eclesiastes 1, 2-9).
E digam lá se isto não é «palavra de Deus»!... «Convertam-se!»